Ontem foi o dia do derradeiro teste!
Depois de 3 semanas de treinos intensos, sendo as duas primeiras muito boas a sentir-me sempre muito bem e a evoluir de dia para dia, já a última não correu bem. Na quarta-feira, no treino de séries, o corpo "abriu a boca" e disse: Vai para casa, pá. E eu fui! Pela primeira vez fui para casa com o sentimento de objectivo não cumprido, mas teve que ser. Uma forte "dor de burro" na terceira série de 2 minutos, não era normal, e a justificação tinha que ser apurada. Além disso, parecia daqueles dias em que não se deve sair de casa... a temperatura arrefeceu abruptamente, e a pista onde fui treinar estava com tanto vento que combate-lo mais se assemelhava a fazer uma rampa de 300 metros com 20% de inclinação.
Chegado a casa, ao comparar os dados do GPS e do plano de treino constatei que nas últimas 2 semanas "saltei" os treinos de recuperação, por diversas razões que neste momento não interessa trazê-las aqui. Além disso tinha sido um dia quase sem beber água, e com uma alimentação deficiente. Os culpados estavam encontrados pela sua ordem de importância - Recuperação, Hidratação e Alimentação. Olhando para trás, parece a Santíssima Trindade do Treino, a recuperação, em forma de treino, descanso activo ou absoluto, a hidratação sob a forma de não menos de 2 litros de água por dia, e a alimentação cuidada. Para quem treina, e quer ver objectivos, estes três factores são fundamentais.
Voltando aos treinos: o plano apontava para um treino longo de 100 minutos. Por sorte, ou não, o dia coincidia com os 20 kms de Cascais. Ora, as contas são fáceis de fazer... com um ritmo de 5 min/km, os 20 kms faziam-se em 100 minutos. E como o meu objectivo para a meia-maratona é de 01:45:00 este seria o teste mais indicado para realizar.
As previsões apontavam para chuva durante a maior parte do Domingo, com uma das abertas do dia a coincidir com a altura da prova - entre as 09:00 e as 12:00. Acertaram quase em cheio - choveu forte até às 09:30, abrandou até às 09:45, e parou de chover. Ainda não me convenceram que S. Pedro não é atleta – isto porque normalmente pára de chover minutos antes das provas - com duas excepções conhecidas por mim - Travessia BTT Tróia-Sagres 2008 e Duatlo das Lezírias 2011. Experiências marcadamente molhadas.
Como é suposto, o aquecimento foi feito durante cerca de 15 a 20 minutos num ritmo calmo. Aproveitei a companhia do Fernando Guerreiro e mais de um amigo para colocar a conversa em dia.
Os 20 kms de Cascais não se adivinhavam como uma prova fácil, os primeiros 7 kms seriam compostos por duas subidas dignas de separar o trigo do joio, seguiam-se 5 kms rolantes com um pequeno desnível descendente onde era possível alcançar alguma velocidade, e por fim os 5 kms anteriores mas em sentido contrário – desnível ascendente - e com vento contra (era aqui a parte mais dura da corrida), terminando os 3 últimos kms a descer para a meta.
Os meus objectivos estavam definidos:
- Ritmo médio de 5'/km
- Verificar abastecimentos
- Verificar sensações ao longo da corrida
No inicio da prova constatei que o gel que trazia comigo acabaria por o perdê-lo durante a aquecimento, ou seja, o objectivo de verificar abastecimentos cairia por terra, pois o único combustível que teria disponível seria água.
Iniciei a prova a bom ritmo, dentro dos limites, mas sempre a ultrapassar outros corredores, até me posicionar num grupo que seguia num ritmo que para mim seria favorável. Normalmente tenho o mau hábito de aumentar o ritmo no inicio e manter enquanto tiver forças, mas estou a melhorar essa característica, e acho que no fim vou colher os frutos desta aprendizagem. Segui sem companhia até ao km 13, até que o Luis de Barros chegou-se a mim e com vontade de manter o ritmo vivo. Estávamos a iniciar a fase mais dura da prova, mas seguimos juntos até ao km 18 sensivelmente, integrados num grupo de 5 ou 6 participantes. Aqui o terreno ficou um pouco mais plano e decidi colocar um ritmo mais forte - descolei do grupo e lá fui andando. Ainda cheguei a apanhar pelo caminho o Daniel Costa, tinha acontecido precisamente o mesmo na Meia-Maratona de Dezembro passado, onde também o apanhei no último km.
Por fim, cortei a meta com 01:36:11 com um ritmo médio de 04:47/km.
Valeu muito a pena ter saído de casa debaixo de chuva, principalmente porque revi velhos e novos amigos: Dina Alves, Fernando Guerreiro, Luis de Barros, Daniel Costa, David Rosado, Carlos Albano, Rui Gameiro e o Tiago. Um abraço para todos e um beijinho para a Dina.
Até breve.